Ana Lúcia Kaniski.
Formação/Titulação: Especialista em Educação,
Mestranda em educação pela Universidade Federal do Espírito
Santo.
Instituição em que trabalha: Centro Superior de Vila
Velha – CSVV/UVV.
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Ana Lúcia Kaniski
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Resumo:
A presente comunicação é parte de um projeto
de pesquisa que pretende caracterizar a ocorrência da Matemática
no cotidiano das paneleiras capixabas (comunidade que produz artesanalmente
panelas de barro, tradição cultural do Espírito Santo),
de modo a analisar a contribuição da Etnomatemática
no processo de construção de conhecimentos matemáticos
pelos alunos da 4ª série do Ensino Fundamental daquela comunidade,
além de apontar estratégias de ensino da Matemática
(séries iniciais) a partir de um projeto interdisciplinar.
Três palavras-chave: Etnomatemática, projeto e produção artesanal.
Introdução:
Partindo do pressuposto que o ensino da Matemática não se
faz num vácuo, que acontece num dado contexto histórico e
social com determinados objetivos e, aceitando que o ensino na fase escolar
de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental não é
apenas propedêutico para fases posteriores da escolaridade, mas deve
ter a função principal de preparar o cidadão para
atuar em uma sociedade complexa, se faz necessário examiná-lo
sob este ponto de vista: como este ensino prepara o aluno para utilizar
a Matemática de maneira viva, lúdica, no seu dia-a-dia, para
fazer estimativas e previsões, ler, interpretar e organizar dados,
tomar decisões baseadas em dados quantitativos incompletos, ser
capaz de globalizar processos e situações.
Certamente
nada disso é conseguido com um ensino que se limita a apresentar
conceitos de maneira desconexa, seguidos de exemplos de aplicação
e de listas de exercícios rotineiros. Estudos realizados nos mostram
a relevância das atividades cotidianas (Matemática informal,
da vida, etc.) quando utilizadas como instrumento para o ensino formal.
Por exemplo, na década de 70, surge entre os educadores matemáticos,
inconformados com um currículo único e contra uma única
maneira de se apresentar a Matemática em todos os países,
novas terminologias para a matemática, pois enxergavam conhecimentos
ignorados pela escola: o do vendedor de rua (Nunes e Caraher), o dos índios
(Sebastiani), enfim, do pedreiro, do pescador, da criança brincando,
etc.
Daí nascem alguns termos metafóricos para designar esta Matemática
diferenciada do contexto escolar. Várias foram as idéias
e formulações neste sentido até chegar à Etnomatemática.
Sebastiani (1997, p. 13) apresentou uma síntese cronológica
dessas formulações em sua obra “Etnomatemática: uma
proposta metodológica”.
A posição da Matemática é examinada perante
as exigências de uma sociedade em que o cidadão se movimenta
em um ambiente no qual é constantemente bombardeado por informações
e afirmações que exigem conhecimentos de estatística,
gráficos, noções básicas de Matemática
para avaliar riscos, tomar decisões. A capacidade de resolver problemas
e de enfrentar situações complexas, de expor e compreender
idéias é cada vez mais requisitada.
Nesta dimensão mais geral algumas tentativas têm sido feitas
com o objetivo de se chegar ao ensino da matemática de forma crítica,
contextualizada e lúdica, porém na sala de aula essa articulação
entre a Matemática ensinada e a Matemática vivida reflete
um processo árduo e, porque não dizer, até inexistente.
Na tentativa de se encontrar caminhos que aproximem tais ‘realidades matemáticas’
(a vivida e a ensinada/aprendida) é que propomos um olhar para a
vivência da comunidade das paneleiras capixabas de modo a perceber
o processo de aprendizagem das crianças daquela comunidade.
A partir deste recorte, pretendemos estudar de que forma a Matemática
é trabalhada no cotidiano das paneleiras e como esta poderá
subsidiar o processo de produção de conhecimento pelos alunos
das séries iniciais daquela comunidade onde está inserida.
Então, por meio do estudo do conhecimento matemático formal
construído a partir do cotidiano das paneleiras, pretendemos
agir junto à comunidade local (filhos das paneleiras) por meio da
escola (4ª série do Ensino Fundamental) e de atividades matemáticas
a serem desenvolvidas, in loco, na Escola de 1o Grau “Adão Benezath”,
situada no bairro Goiabeiras, a partir do contexto cultural existente.
Apontamos para o fato de que esta experiência possa contribuir para
a formação de professores no sentido de fornecer-lhes reflexões
e materiais didáticos acerca da Etnomatemática vivenciada
por meio da teoria e prática dos projetos de trabalho.
Objetivos:
- Verificar em que medida o cotidiano das paneleiras subsidia a construção
de conhecimentos matemáticos no ensino fundamental de 1ª a
4ª série.
- Caracterizar conteúdos e metodologias a serem desenvolvidos
a partir do contexto cultural das paneleiras.
- Analisar a contribuição do ponto de vista da Etnomatemática
no processo de construção de conhecimento matemático
pelo aluno.
Desenvolvimento:
O estudo está sendo encaminhado e algumas etapas da pesquisa
já foram realizadas: levantamento bibliográfico para confecção
da revisão bibliográfica e do referencial teórico,
coleta de dados in loco na comunidade das paneleiras (em Goiabeiras – ES)
e a realização de atividades que compõem o projeto
interdisciplinar que está sendo desenvolvido junto aos alunos da
4ª série do Ensino Fundamental da Escola de 1º Grau “Adão
Benezath”, cujo enfoque central volta-se para a Matemática. Vale
ressaltar que essa clientela pertence ao mesmo grupo cultural das paneleiras
(são seus filhos, netos, sobrinhos, etc.).
Conclusão:
Durante o Primeiro Congresso Brasileiro de Etnomatemática pretendemos
apresentar e discutir alguns resultados prévios do nosso estudo,
aproveitando a oportunidade para apreciar críticas e sugestões,
acreditando na contribuição das interações
das pessoas e pesquisas para o fortalecimento/desenvolvimento da Etnomatemática.
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