Resumo
A abordagem etnoantropológica.
Os fundamentos teóricos e os processos de aprendizagem centrados
em princípios pluriculturais e multiétnicos, co-geradores
da Etnomatemática, se estabelecem a partir de tópicos estudados
pela Antropologia da Educação:
Referencial etnoantropológico das ciências pedagógicas;
Suporte dos etnométodos educacionais;
Concepção de uma Etnopedagogia;
Vivências etnopedagógicas no aprendizado da Matemática;
Criação do Movimento de Etnomatemática;
Ferramental da etnomodelagem matemática.
Palavras-chave: As etno-referências. Etnopedagogia, etnometodologia, etnomodelagem.
Objetivos: As metas desejáveis.
Conceituar Etnopedagogia e Etnomatemática como movimentos pedagógicos
fundamentados pela Antropologia Cultural.
Reconhecer as contribuições de pedagogos e não-pedagogos
na construção dos movimentos de Etnopedagogia e Etnomatemática.
Identificar, nos diferentes nichos culturais, manifestações
teórico-práticas afinadas com a Etnomatemática.
Conceituar modelos e etnomodelos matemáticos.
Desenvolver projetos etnomatemáticos a partir de vivências
individuais e coletivas.
Empregar os recursos de etnomodelagem na execução dos
projetos de vivência.
Repensar as propostas curriculares de Matemática sob a ótica
dos estudos etnoantropológicos.
Conteúdo: A rede-conceitual; os seres, as idéias e as
instituições.
Etnoconstrutores: Morin, Le Moigne, Paulo Freire, Freinet, Le Bohec,
Perrenoud, Gay, Cole, D`Ambrosio, Bassanezi, Sebastiani, Gerdes, Powell,
Frankenstein, D`Olne Campos, Carraher, Borba, Biembengut, Eglash, Ascher…
Etnopedagogia de Ubiratan D`Ambrosio: a criação-organização
da Etnomatemática.
Ampliação das fronteiras com o Grupo de Estudo Internacional
sobre Etnomatemática - ISGEm.
Etnomatemática dos povos indígenas brasileiros: Mariana
Kawall, Eduardo Sebastiani e membros do SHEM…
Etnomatemática nos centros urbanos: brinquedos e brincadeiras,
jogos populares, jornais e revistas, trabalho e consumo, cidadania, comunicação
visual…
Etno-x: etnogeometria, etnodesign, etnoastronomia, etnolinguagem, etnofotografia,
etnodança, etnomúsica, etnoteatro, etnopolítica…
Contribuição de Aristides Camargos Barreto: do conceito
de modelo matemático à etnomodelagem.
PCNs: os caminhos-referência para os projetos etnopedagógicos.
Criação-elaboração dos Parâmetros
Etnocurriculares para a realidade pluricultural brasileira. Por que não???
Etnométodos e estratégias: As vivências etnopedagógicas.
Respeitando um enfoque intercultural e multiétnico, pretende-se
destacar as convergências das propostas dos movimentos de Etnopedagogia
e Etnomatemática com relação aos Parâmetros
Curriculares Nacionais - PCNs - para o Ensino Fundamental e Ensino Médio,
bem como às Diretrizes Curriculares para o Ensino Superior.
Estas propostas baseiam-se na organização de Espaços
de Vivência, presencial e virtual, promovendo encontros estimulantes
onde a livre expressão se manifeste por meio das produções
individuais e coletivas.
Busca-se, sobretudo, a formação de Centros de Documentação
gerados pelas criações etnográficas dos participantes:
livros de vivência, fichários, dossiês, projetos experimentais...
Estas produções são disseminadas nos Meios de
Comunicação Coletivos: murais, jornais, exposições,
performances, fóruns, chats, newsgroups...
Avaliação: Os processos e os produtos.
Pelas características socioculturais do enfoque etnopedagógico,
as avaliações dos processos e dos produtos das ações
etnomatemáticas enquadram-se nos mesmos procedimentos observados
na vida cotidiana das pessoas envolvidas em suas comunidades-base.
Isso significa que somente o próprio grupo social - grupo classe,
em particular - tem a decisão dos etnométodos de avaliação
das suas realizações. Para tanto, é preciso estabelecer
os parâmetros mínimos de exigência previamente combinados
pelo grupo - alunos e professores - e pela instituição educacional.
Um bom referencial para avaliação é a documentação
individual e/ou coletiva gerada pelos projetos nascidos em oficinas, pois
a vivência se firma sobre dois pilares: a expressão e o registro.
Em Etnopedagogia, os registros dos participantes são documentos
etnográficos. E, como tal, se oferecem às possíveis
avaliações no âmbito da comunidade, não exclusivamente
acadêmica.
Para a avaliação são também fundamentais,
nos projetos de vivência, que as ações pedagógicas
focalizem:
O ser que produz matemática;
O objeto matemático vivenciado;
O coletivo co-participante no processo de aprendizagem.
Estes três aspectos, quando bem assimilados e desenvolvidos,
conferem excelência às investigações etnoantropológicas.
Conclusão: Um convite aos etnoconstrutores.
Promover a organização e a consolidação
da Etnopedagogia-etnomatemática no âmbito, mais abrangente,
da etnoantropologia cognitiva ou ecologia das idéias, tal como preconiza
Edgar Morin.
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