CO48: Etnomatemática, Teatro, Música e Atesanato na Cultura Nordestina
Margareth Creusa Santos Tolizano


RESUMO
O objetivo  deste projeto é destacar as atividades culturais das  crianças da periferia, migradas do Nordeste,  assim como  incentivá-las a desenvolver de modo mais valorizado tais atividades. Nesta perpectiva pretendemos tirá-las do ambiente das  ruas e das drogas que, em geral,  envolvem essas crianças.
“O bairro é pobre, falta tudo, muitos desempregados, meninas grávidas e pessoas se drogando por falta de ocupação e lazer.” - diz Marília, jovem moradora do bairro.
 Como um projeto cultural e social , acredito que facilitará uma interação, de modo agradável com a matemática, pois terão mais confiança em transmitir seus conhecimentos com originalidade, na música, na confecção dos instrumentos musicais, na confecção das vestimentas do cenário e na montagem das peças artesanais.
 Respeitando o etno de cada indivíduo, estaremos facilitando uma interação equilibrada com o universo e despertando o emocional de cada um para o bem.

Palavras-chave: Raízes Culturais; Cidadania; Etnomatemática.

Introdução
Jova Rural, bairro pobre da periferia de São Paulo, invadida e habitada aproximadamente  por dez mil famílias, vindas  das regiões Nordestinas  na esperança de melhores condições de sobrevivência.
   Por serem trabalhadores rurais e não terem tido a oportunidade de alfabetizarem-se, encontram grandes dificuldades no mercado de trabalho.
  Assim sendo, são acarretadas  às crianças as responsabilidades financeiras ou  os deveres domésticos,  prejudicando – as  no rendimento escolar.
   Sem muitas cobranças , terminam seus afazeres e passam a maior parte do tempo nas ruas onde buscam desvendar sem nenhuma orientação as incógnitas da vida. Geralmente acabam sendo influenciados por grupos desequilibrados que  dominando situações, desfavorecem a escola que pouca distração oferece.
   De acordo com alguns relatos , as crianças sentem-se discriminados pelos  grupos que se dizem “intelectuais” pois, sua  cultura nunca é levada em consideração.
  “A escola não incentiva muito, quero sair desta vida.” (Maria Lúcia, 3ª  colegial);
 “Ser pobre não significa  não ter uma boa escola e pessoas que não respeite todos nós.”(Alexandre, 6 ª série).
  “Gostaria que o professor levasse em consideração o que eu já sei. ( Rodrigo, 7ª série).
  Preocupada, manifestou-me a vontade de pesquisar processos para ensinar, desenvolvendo um trabalho que dê significado, prazer e ao mesmo tempo seja condizente com o “ etno”, privilegiando o ‘popular’e o ‘cotidiano’ de cada criança.
  De acordo com ( D’Ambrósio, 1980), temos que respeitar o limite de cada aluno dando oportunidade de usarem a matemática independente de classe social e econômica, levando em conta que os conhecimentos científicos são cumulativos, construindo sobre resultados anteriores.

Desenvolvimento do tema
Desde 1.997 , tenho o prazerem trabalhar com estes jovens e  durante este tempo  pude  observar que, apesar de não sobressaírem-se nas aulas convencionais conseguem desenvolver trabalhos culturais  maravilhosos  independente de técnicas.
  Geralmente ,não gostam de pesquisar sobre culturas, música,  fazer cálculos matemáticos, estudar sobre figuras geométricas e fazer redações.
  Neste trabalho procurei englobar todas estas situações de maneira divertida valorizando  a cultura de cada aluno.
   Deste modo, sentem-se entusiasmados para novas descobertas, pois acabam conscientizando-se que para cantar, representar e confeccionar, seus saberes individuais são valiosos.
  O trabalho pedagógico de matemática não pode se deter a teorias , fórmulas ou técnicas . A matemática precisa ajudar na ampliação de conhecimentos e valorizar os já adquiridos com a experiência cultural. O ensino ao meu ver , na verdade é uma viagem  imaginária e intelectual e começa com uma espécie de partida, não implica abandonar hábitos, mudar de língua e esquecer os costumes do lugar em que nasceu.

Conclusão
  Como metodologia de ensino, a etnomatemática  valoriza e respeita a cultura  de cada aluno. Em todos os momentos poderão se  utilizar da matemática  intuitiva de um modo informal sem “medo”.
  Deste modo, os alunos confiantes, sentem-se a vontade e apresentam suas idéias de várias maneiras sem preconceitos.
  O trabalho pedagógico “não pode” se deter a teorias, fórmulas ou técnicas.
A matemática precisa apenas ajudar na ampliação de conhecimentos e valorizar os já adquiridos com a experiência vivida.  – diz Raquel – 7ª série

“ Sou mais faze matemática assim brincano do que fica fazendo todas aquelas contas que nem sei para que serve”.
 “Se fiel ao campo da verdade que abraças, sem desconsiderar a parte da verdade em que os outros se encontram”.( Emmanuel)

Bibliografias
Chiappini, Lígia. Aprender ensinar com textos não escolares  -
D’Ambrósio, Ubiratan. Etnomatemática
Pierano, Marisa. A favor da Etnografia