Um estudo realizado em 1988 pela American Association for the Advancement of Science (Associação Americana para o Avanço da Ciência) previu que uma duplicação dos níveis de CO2 elevariam a média global de temperatura em 2 a 5°C. Quanto maior a quantidade de gases estufa emitida, maior o aumento do aquecimento global da atmosfera. Espera-se que as médias e altas latitudes da Terra, as quais incluem grande parte da América do Norte, Europa e Ásia, aqueçam-se duas vezes mais do que o índice médio do planeta. A temperatura média dessas áreas poderá aumentar 1°C, ou até mais, em uma única década.
Os aumentos na temperatura podem parecer pequenos se comparados com as mudanças climáticas ocorridas no passado. Nos milhares de anos que nos separam da última Era Glacial, a temperatura global de nosso planeta aumentou gradualmente em 3 a 5°C. O aquecimento previsto neste século é 10 a 40 vezes maior. As temperaturas poderão, em pouco tempo, se tornar maiores do que em qualquer outra época da história da humanidade. Uma aumento médio de 5°C tornaria a Terra mais quente do que ela já foi nos últimos dois milhões de anos.
Se por um lado os cientistas concordam que a Terra se aquecerá à medida que o dióxido de carbono (CO2) e outros gases estufa se acumularem na atmosfera, há uma certa discordância a respeito de quanto será esse efeito. Grande parte das incertezas advém da dificuldade de se prever os efeitos climáticos devido ao acúmulo de nuvens, o qual, julga-se, é resultado de altas temperaturas e evaporação das águas superficiais. Quando os efeitos das nuvens não foram levados em consideração em simulações por computador em 14 modelos diferentes de clima, todos os modelos resultaram em previsões similares do aquecimento do globo. No entanto, quando foram incluídas nuvens, as previsões de aquecimento foram bastante diferenciadas. Em alguns modelos, as nuvens causaram um aquecimento líquido (por exemplo, retendo mais a irradiação solar); em outros modelos, as nuvens causaram um resfriamento geral. Em análises recentes, valendo-se de um desses modelos climáticos, com uma simulação mais aperfeiçoada e talvez mais realista de nuvens, o aquecimento previsto através de uma suposta duplicação dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera foi de apenas metade do previsto por um mesmo modelo, utilizando-se de uma simulação simples de nuvens - menos de 5°C, ao invés de 9 graus.
Se por um lado a temperatura média global está aumentando, há variações regionais e sazonais. Um estudo recente indica que os EUA não se tornaram mais quentes durante os últimos 100 anos, e há evidências apontando para invernos mais frios em algumas partes do hemisfério norte. Outros estudos indicam que a concentração dos gases estufa na atmosfera podem aumentar a formação de nuvens em algumas regiões, as quais poderão bloquear maior quantidade de irradiação solar do que a quantidade de irradiação da Terra, causando um resfriamento local. Uma visão geral sugere que os gases estufa se acumulam e a temperatura média da Terra se eleva, climas locais se tornaram mais vulneráveis - mais quente e mais secos em algumas áreas, mais frios e mais úmidos em outras. Algumas regiões poderão experimentar tanto verões mais quentes como invernos mais frios.
O aquecimento maior poderá ocorrer nas altas e médias latitudes durante o inverno, mas o número de dias com verões desagradáveis também devem aumentar. Uma suposta duplicação nos níveis de CO2 poderia provocar um aumento no de número de dias com mais de 32°C de 15 para 56 em Chicago, e de 36 para 87 em Washington, DC. No próximo século, as temperaturas no verão em muitas cidades norte-americanas poderão exceder os 38°C, muito além do que atualmente se observa.
O aquecimento global poderá também provocar um aumento nos índices pluviométricos de algumas áreas. Regiões de altas latitudes, incluindo partes do Canadá e ex - URSS, poderão experimentar invernos mais chuvosos e nevosos. Algumas áreas tropicais também podem receber chuvas adicionais. O aumento das temperaturas na superfície dos oceanos pode aumentar a freqüência e rigor dos furacões e tempestades tropicais.
O interior de grandes massas continentais poderá receber menos chuva. Mesmo fora das épocas áridas, os solos poderão tornar-se mais secos durante o verão. Menos neve se acumularia durante os invernos mais brandos, além de derreter mais cedo. A falta de cobertura de neve, na primavera, permitiria que o sol secasse o solo precocemente, aumentando as chances dos solos estarem mais secos no verão e diminuindo, assim, as condições para o plantio. A combinação de altas temperaturas e baixa umidade do solo, no cinturão de grãos dos EUA, tenderia a reduzir a produção agrícola norte-americana.
(Adaptado de Manual Global de Ecologia, Ed. Augustus, 1996.)
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