MD-10: Material de apoio ao professor relativo às aplicações da energia nuclear:
MD-11: Filmes sôbre aplicações da energia nuclear:
São disponíveis no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN e no Instituto de Química (GEPEQ - USP).
APLICAÇÕES DA RADIOATIVIADADE
O Átomo como Fonte
de Energia
Química
Física
Enegia Nuclear - Medicina
Aplicações
na Indústria
Aplicações
Nucleares na Agricultura
Bombas Nucleares
Energia Nuclear Para
A Navegação
Determinação
da Idade de Materiais
1) O átomo como Fonte de Energia
A energia nuclear é uma fonte extraordinária e compacta e, mais ainda, praticamente inesgotável de energia em forma de radiações e calor. O seu aproveitamento tem sido possível mediante o uso de reatores nucleares, nos quais é obtida da fissão controlada de átomos pesados: a desintegração de átomos de urânio ou plutônio liberta grandes quantidades de energia, principalmente térmica. A fusão nuclear liberta uma quantidade muito maior de energia: constitui o processo energético da bomba de hidrogênio.
a) Análise por Ativação
O bombardeamento com nêutrons
constitui a base de um método de análise química microqualitativa
e microquantitativa de qualquer substância. Assim, quantidades insignificantes
de um elemento, não detectáveis por meios químicos
comuns, se bombardeadas num reator, poderão depois assinalar sua
presença num corpo, por meio dos isótopos ativados. Esse
processo permitiu corroborar a hipótese de que Napoleão foi
envenenado por seus carcereiros na ilha de Santa Helena, e não morreu
de câncer como até há pouco se supunha. Em seus cabelos,
submetidos à ativação em reator atômico, apareceram
traços de arsênio. Esse método já está
sendo usado na investigação criminal.
Essa técnica analítica,
denominada análise por ativação, tem sido amplamente
empregada nas mais diversas áreas de materiais: geológicos,
biológicos, eletrônicos, metalurgia, criminologia, medicina,
cerâmica, produtos ligados à agricultura e pecuária,
enfim, envolvendo metodologias para concentrações extremamente
baixas, limitadas para a maior parte dos procedimentos analíticos
conhecidos.
b) Traçadores
Outro campo de aplicação de isótopos radioativos diz respeito à troca de átomos em reações químicas, facilitando a pesquisa de estruturas moleculares e de mecanismos de reação, além de permitir, através das medidas de radioatividade, a determinação da eficiência das diversas etapas de um processo químico.
c) Química De Processos
Com o início da indústria nuclear, em meados de 1930-40, a química de processos sofreu um avanço significativo: a necessidade de obtenção de elementos com elevadas especificações de purezas para utilização nos reatores nucleares, seja na composição do elemento combustível, seja na constituição de outros componentes do sistema, como os materiais estruturais (ligas de zircônico isentos de háfnio), ou os materiais absorvedores de nêutrons (usados como moderadores). Além do nível de pureza, um dos fatores que levou à reavaliação das técnicas convencionais de separação química foi a necessidade de produção em grande escala, onde passou a ser importante o compromisso entre economia e eficiência. Mudou, portanto, a concepção de técnica adequada à produção.
Sob o ponto de vista de produção comercial, ganharam relevância as técnicas de separação com possibidades de operação em regime contínuo, em sistemas multiestágio, isto é, que permitiam realizar, simultaneamente, uma série de operações unitárias repetitivas. Nesse sentido, além da técnica de cromatografia de troca iônica, que permite operações em multiestágio, mas é fundamentalmente uma técnica descontínua, a extração com solventes ampliou fortemente seu campo de aplicação, estendendo-se da área analítica para a área de metalurgia extrativa. Foi, sem dúvida, a implantação da indústria nuclear o agente responsável pelo grande desenvolvimento apresentado pela denominada Química de Processos.
O uso de partículas provenientes de reações nucleares envolve atividades de pesquisa como a espectrometria gama, interações hiperfinas eletromagnéticas, reações nucleares, difratometria de nêutrons, detectores de nêutrons e dosimetria e radiografia com nêutrons, dentre outras. Constitui uma das ferramentas fundamentais para o estudo da estrutura atômica, como foi exemplificado por Rutherford, em seu estudo de determinação das dimensões do núcleo atômico.
a) Radiodiagnose
Um enorme campo de aplicação de isótopos radioativos reside no tratamento de várias moléstias. O iodo, por exemplo, é absorvido principalmente pela tireóide. Assim, se um indivíduo ingerir um isótopo radioativo de iodo, o iodo 131, cuja meia vida é de 8 dias, sua tireóide fará a absorção. O registro das radiações desse isótopo fornecerá um “mapa” da glândula, informações sobre o seu volume e eventual anormalidade.
A técnica é a mesma para diversos casos; o isótopo é que varia, segundo o objetivo da aplicação. No caso de anemia por não absorção de vitaminas, o paciente passa a ingeri-las “marcadas” com isótopos radioativos, que acompanham os átomos estáveis. A distribuição da substância no organismo é controlada por um cintilador, que fornece dados úteis para orientar o tratamento e a alimentação do paciente.
Todas as aplicações de isótopos radioativos, entretanto, obedecem a uma regra geral: o uso em pequenas doses, e de preferência os elementos com meia-vida curta, para evitar excessiva exposição do paciente às radiações.
b) Radioterapia
A radioterapia consiste em expor órgãos ou tecidos doentes aos efeitos dos raios gama. De início, usava-se o próprio rádio, que tem sido substituido vantajosamente pelo isótopo radioativo do cobalto (cobalto 60) de mais fácil obtenção e de custo inferior. Daí o nome de cobaltoterapia. Uma cápsula desse elemento radioativo, com mais de 1kCi, é blindada com 1 tonelada de chumbo.
A cobaltoterapia é usada para destruir tecidos doentes, como os cânceres, que ameaçam espalhar-se pelo organismo. Outro emprego é a irradiação prévia para enxertos de órgãos ou tecidos.
A radiografia, ou fotografia de órgãos internos com raios X, está aos poucos sendo substituida pela gamagrafia, em que se utiliza uma fonte de raios gama, análoga à da cobaltoterapia. A vantagem consiste na eliminação do complicado aparelhamento elétrico produtor dos raios X. A prática aconselha dispor de vários elementos, cada um com intensidade e energia diversas. Assim se usarão baixas energias para as radiografias dentária ou das mãos, e energias mais altas para tórax ou cabeça.
A medicina utiliza a radiação para destruir células nos tumores cancerosos. Seus métodos devem muito de seu atual aperfeiçoamento à utilização de isótopos, entre os quais o cobalto 60, o iodo 131, o fósforo 32. Outras aplicações biológicas importantes são a indução de mutações genéticas.
A capacidade da radiação provocar reações químicas despertou um enorme interesse comercial e, hoje, a utilização de fontes intensas de radiação se apresenta como uma tecnologia de vanguarda, que abre campo para o estabelecimento de novos processos e para a fabricação de novos produtos. O comércio mundial de produtos irradiados está estimado em mais de dois bilhões de dólares por ano, e continua crescendo a uma taxa anual de 15 a 20%. As principais vantagens da utilização da radiação em processos industriais são:
a) a velocidade de reação independe da temperatura;
b) possibilita a formação de espécies reativas de um modo homogêneo em substâncias sólidas, líquidas e gasosas;
c) permite um controle fácil tanto da velocidade da reação como também da qualidade do produto. Variando-se a taxa de dose pode-se controlar a velocidade da reação radioinduzida. No caso de feixe de elétrons, a taxa de dose e a faixa de penetração são bem controladas pela variação da corrente do feixe e da voltagem;
d) a reação química induzida pela radiação ocorre sem adição de catalisadores, gerando, portanto, um produto bem puro.
Durante os últimos 30 anos, pesquisas aplicadas intensas no campo da química da radiação, foram desenvolvidas em vários países, incluindo Estados Unidos, Inglaterra, União Soviética, Alemanha, França e Japão. Essas atividades de pesquisa e desenvolvimento resultaram em várias aplicações industriais de processos de irradiação nos campos de esterilização de produtos médicos, polimerização, modificação de polímeros e irradiação de alimentos.
Os produtos de uso médico como seringas, agulhas, fio de suturas, tubos, luvas cirúrgicas, etc., já estão sendo mundialmente esterilizados pela radiação e a dose requerida está em torno de 30 kGy. Drogas farmacêuticas como vitaminas, antibióticos, etc., já estão sendo radioesterilizados com uma dose de cerca de 20 kGy, sem perder suas potencialidades.
6) Aplicações Nucleares na Agricultura
Inúmeras e crescentes são as aplicações que a energia nuclear vem encontrado nesta área, podendo ser mencionadas:
a) Irradiação de Alimentos
Os alimentos em geral
contém alguns componentes chaves, os quais, embora presentes em
concentrações muito baixas, regulam o seu sabor, o seu aspecto
e o seu valor nutritivo. Esses componentes são muito lábeis
sob irradiação e, se a dose de radiação for
alta, pode causar transformações prejudiciais no sabor, no
odor e na cor desses alimentos.
Alimentos como feijão,
arroz, trigo, cana de açúcar, mamão, laranja e produtos
agrícolas secos antes de serem armazenados como cereais (grãos,
flocos de milho, farinhas) ficam, após irradiação,
em perfeito estado de conservação durante anos.
b) Inibição da
Germinação
O aparecimento do broto
nos tubérculos e outras raízes nutritivas após um
determinado período de armazenagem é um fator importante
na deterioração desses alimentos e causa grandes prejuízos.
Doses baixas de radiação,
de 50 Gy a 100 Gy, são suficientes para inibir definitivamente a
germinação possibilitando prolongar o período de armazenagem
desses produtos, sem perda do peso e da qualidade, dispensando o uso de
inibidores químicos.
Irradiando sementes,
é possível, ainda, criar variedades de plantas, capazes de
produzir mais, num período de tempo mais curto, além de serem
mais resistentes às doenças. É o caso, por exemplo,
das sementes de feijão, arroz, trigo e mamão.
c) Desinfestação
Esse termo aqui é
utilizado, para designar o processo de controle de insetos e parasitas,
que podem infestar os alimentos. A radiação aplicada em doses
baixas, cerca de 30 Gy a 200 Gy, é capaz de controlar a população
de insetos num material a granel, não só causando a morte
ou inibindo a reprodução dos insetos adultos como também
impedindo que larvas e ovos completem o seu ciclo. Utiliza-se esta técnica
para preservação de frutas, grãos, farinhas, legumes,
etc.
Aplicação
de pequenas doses de radiação gama nos alimentos, para evitar
a proliferação das larvas dos insetos, objetivando aumentar
o tempo de conservação dos alimentos, melhorando inclusive
a qualidade dos produtos de exportação.
d)
Cinética de Absorção das Plantas
O uso de elementos
radioativos como traçadores, permite, através da medida da
radioatividade, levantar dados da cinética e dos mecanismos de absorção
dos nutrientes, ou mesmo acompanhar a saúde de algumas plantas de
maior porte.
e) Pasteurização
O período em
que um alimento permanece apto para o consumo, é afetado sensivelmente
pelo controle inicial de bactérias e fungos (incluindo mofos e levedos)
presentes.
A redução
da população de agentes corruptores se faz normalmente com
a pasteurização térmica seguida em geral, pela conservação
sob refrigeração. A maioria dos alimentos frescos, porém,
não pode ser submetida à pasteurização térmica,
porque perderiam a condição de frescura.
A utilização
de doses médias de radiação, em torno de 4.000 Gy
pode prolongar o período de vida de carne, pescados, mariscos, aves,
etc.
7) Bombas Nucleares
O nome energia nuclear
é mais comumente associado a bombas e reatores atômicos, onde
são desprendidas enormes quantidades de energia por meio de reações
nucleares. Além de sua utilização como instrumento
bélico, da qual são exemplos inesquecíveis o bombardeamento
das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945, as explosões
nucleares encontram aplicação também como instrumento
de pesquisa para numerosas aplicações pacíficas. Essas
possibilidades foram testadas em escavações de canais, embora
ainda, ao ver destes autores, seja muito discutível a relação
custo/benefício com relação aos efeitos das radiações
no homem e na natureza.
8) Energia
Nuclear Para A Navegação
O desenvolvimento dos
reatores nucleares oferecem novas e variadas aplicações no
uso da energia nuclear, particularmente sob o ponto de vista de formas
de propulsão, como é o caso de navios mercantes, submarinos
e quebra-gelos, entre outros. A grande vantagem reside na não exigência
de grandes quantidades de combustível, como ocorre com os navios
movidos a carvão ou óleo diesel.
9) Determinação Da Idade De Materiais
A radioatividade encontra atualmente grande número de aplicações: um isótopo do carbono - o carbono 14 - é usado para calcular a idade dos mais diversos materiais, encontrando aplicações clássicas para fósseis, obras de arte, sítios arqueológicos de um modo geral.