HUMANIZAÇÃO

O aspecto de humanização é um dos mais relevantes para o enfermeiro considerar ao fazer uma escala de trabalho para a sua equipe. A própria natureza do trabalho que é contínuo nas 24 horas já é um fator peculiar que não podemos afastar. Para iniciar esta discussão gostaria de colocar três questões:

1. Você já parou para pensar o quanto uma escala mal acordada com a equipe pode gerar de conflitos no trabalho ?

2. E mais, o quanto isto poderá implicar na desorganização da vida pessoal do trabalhador, em função de horários variados e que mudam periodicamente, sem contar a questão dos feriados ?

3. Uma terceira questão, você acredita que um trabalhador, com condições adversas de trabalho e ainda insatisfeito poderá  prestar uma assistência humanizada ?

Pensando nessas questões e, por considerar  a humanização na assistência à saúde tão importante ao ser humano, especialmente num momento de fragilidade como a doença é que gostaria de trazer esses pontos para reflexão.

Em trabalho realizado sobre turnos alternantes em enfermagem em instituição hospitalar (MARZIALE;ROZESTRATEN, 1995), os resultados sugerem que  a alternância existente entre os turnos é prejudicial à saúde e à vida sócio-familiar e profissional de enfermeiras, as quais revelaram insatisfação pelo esquema de trabalho e apresentaram sintomas e sinais de fadiga mental. A incidência dos sintomas foi maior no turno da noite que no turno da manhã, a qual foi maior que a do turno da tarde quando comparados os valores obtidos.

Outro trabalho (COSTENARO et.al., 1987), realizado no HC de São Paulo, que trata a questão da rotatividade de pessoal de enfermagem, traz os seguintes resultados: o índice de rotatividade é de 7,7% enquanto o percentual admitido na literatura é de aproximadamente 2,5%; como principais causas de desligamento aparecem razões financeiras (34%), jornada de trabalho (30%) e rodízio de horário (15%).

Em um estudo realizado em hospitais gerais (públicos e privados) de Minas Gerais com auxiliares de enfermagem,  embora a atividade de lidar com dor, sofrimento e morte interfiram na organização, gestão e condições de trabalho, expondo os trabalhadores a um desgaste físico e mental intenso, percebeu-se que  esses profissionais, bem como as organizações, têm ainda pouca consciência sobre estes problemas (SIQUEIRA et. al., 1995).

Esses estudos apontam a realidade profissional da equipe de enfermagem, para a qual devemos olhar com toda atenção se desejamos uma assistência de qualidade e, de fato, a humanização do atendimento.
 

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