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INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO E SUA APLICAÇÃO À APRENDIZAGEM DE QUÍMICA

       

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1 - INTRODUÇÃO

O presente projeto de Doutoramento visa propiciar condições para o estudo da informática aplicada à educação e aprendizagem de química, na tentativa de contribuir com a educação no Brasil.

Às portas do terceiro milênio e frente ao fenômeno da Globalização, o mundo gira no ritmo veloz dos computadores. A informática se transforma no principal instrumento para que cidadões, sociedade e governo possam interagir e produzir. E a educação, como base formadora dos cidadões e dos profissionais do futuro, precisa caminhar atenta as invenções tecnológicas e sistêmicas.

Ao lado de toda evolução dos computadores, segue as telecomunicações, que estão passando por profundas transformações devido a utilização dos produtos da microeletrônica. O desenvolvimento de meios técnicos possibilita a expansão do uso da Internet, que ao contrário da educação pela televisão, permite comunicações entre pontos que trocam mensagens nos dois sentidos, não ocorrendo desempenho do papel passivo.

Estes desenvolvimentos dos meios técnicos a qual somos protagonistas e que está apenas no início, produz uma série de consequências que torna necessário reflexões quanto a educação, como por exemplo, o fato da telemática não se constituir apenas de um dos meios mais avançados dos desenvolvimentos técnicos, mas por ser um acelerador das outras ciências e de áreas de menor velocidade evolutiva. A telemática está destinada a abrir horizontes novos no que diz respeito aos meios de comunicação de massas e a incidir sobre os nossos próprios modelos culturais; toda a sociedade possivelmente deverá enfrentar os desafios e as oportunidades oferecidas pela sua aplicação. Mas, para tanto será necessário desenvolver capacidades e atitudes individuais e coletivas no sentido de otimizar o uso da informática.

Ultimamente, não se pode mais deixar de atribuir à informática a importância da sua contribuição para resolução de problemas na educação, principalmente por interferir na universalização e qualidade de ensino. Negar estas contribuições, significa fugir da realidade e da logística da educação moderna.

Há uma expansão progressiva a nível mundial na instalação de computadores nas escolas, mostrando que o cenário do futuro mais provável para a educação em química e no geral, seja constituído de computadores, o que implica em formação adequada e mudança de perfil do profissional educador para enfrentar o desafio de mudança, no mínimo etnográfica e que perpassa fundamentalmente pela questão da aprendizagem. Dessa forma, considero que estudos relacionados com a informática no ensino de química sejam importantes e, principalmente, convenientes.

A utilização dos computadores como instrumentos de ensino tem-se tornado uma tendência global. Entretanto, ao direcionar a informática como um recurso pedagógico, não se pode limitá-la, simplesmente, ao entendimento mecanicista das ciências, devendo ser reconhecida como um estímulo de mudança, um meio integrador e, sobretudo, como um importante veículo de aprendizagem significativa.

Partindo do exposto anteriormente e levando em consideração os trabalhos educacionais realizados na área de ensino de química, surge a seguinte questão: como é possível obter aprendizagem significativa utilizando o computador e consequentemente a Internet? A proposta deste trabalho é buscar repostas para esta questão, tendo como população alvo os professores e alunos envolvidos no Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO da SEED/MEC, e do Governo do Estado de Mato Grosso, através da Secretaria de Estado de Educação – Seduc.

Interessa-me analisar e interpretar as possibilidades que o ensino via computador traz para a aprendizagem do conhecimento químico. As hipóteses que defendo são: 1) a computação tem a oferecer subsídios importantes para o desenvolvimento da representação da estrutura cognitiva dos estudantes; 2) que o ensino através do computador, dos ambientes interativos (Internet), pode ser um instrumento adequado e viável para a aprendizagem dos conceitos químicos; 3) o ensino via informática propiciará mudança no perfil do educador de química; 4) o ensino de química via computador irá contribuindo para o aumento significativo da qualidade do processo ensino e aprendizagem na rede pública de ensino do Estado de Mato Grosso.

 

1.1 - Justificativa

O compromisso particular com este trabalho deve-se a minha prática profissional em ensino e pesquisa na Universidade, direcionada principalmente a formação de professores para o ensino médio. E, por manter uma estreita convivência com as Secretarias Estadual e Municipal de Educação do Estado de Mato Grosso e por conseguinte com a problemática educacional regional, estive/estou presente em vários cursos e organização de Encontros destinados a professores do ensino básico realizados em parcerias Universidade-Secretarias (SPEC, Pró-Ciência, ECODEQ, ECMEA etc.). Esta trajetória profissional colocou-me frente ao PROINFO e inevitavelmente com as suas dificuldades de implantação, execução, avaliação etc.

Meu interesse em contribuir e alimentar uma perspectiva de sucesso, para o PROINFO no Estado de Mato Grosso, foi intensificado por ter experenciado nos estudos da Construção do Conhecimento da Tabela Periódica, uma orientação pós-moderna - como fez questão de referendar o Prof. Attico Inácio Chassot – utilizando o recurso da telemática sendo, possivelmente, a primeira a nível de Brasil. Essa experiência mostrou o quanto é viável a educação através da informática, especialmente via a rede mundial de computadores.

A expectativa de buscar respostas quanto a aprendizagem de química via a tecnologia da informática é a de reorientação das ações do profissional da educação em química pois, o que se constata é que, a realidade da sala de aula pouco, ou quase nada, tem se alterado com a participação do professor em cursos de treinamento tradicionais e distanciados da realidade do professor e das tendências e inovações tecnológicas, tendo contribuindo muito pouco para a mudança do perfil do educador em química para o próximo milênio.

Importante ressaltar que não se considera absolutamente, que a informática no ensino de química seja a solução dos problemas educacionais nesta área, trata-se de uma necessidade em adequar o ensino às tecnologias atuais, uma vez que o processo produtivo e as relações sociais vêm se transformando aceleradamente, através da informática. As novas tecnologias dominam espaços cada dia mais significativos na sociedade, definindo novos paradigmas e consequentemente exigindo novos conhecimentos dos profissionais.

Na era de velocidade intensa na informática e em tempos de Internet é preciso repensar o ensino de química para que os professores e alunos, democraticamente, consigam ter acesso a informação socialmente construída e não fiquem desplugados, isto é, excluídos das possibilidades dessa tecnologia.

 

1.2 – A Informática na Educação: um breve histórico

Enquanto a Primeira Revolução Industrial caracterizou-se pelo desenvolvimento de máquinas relativamente simples, que baseavam-se na transformação de energia de uma forma em outra, liberando o homem de uma grande quantidade de trabalhos que utilizavam a força física, a Segunda Revolução Industrial (década de 50) surgiu com uma máquina planejada para processar informações ao invés de energia, o computador.

Nesta ocasião, surgiram os primeiros especialistas em análise de sistemas. O computador passava a desencadear novas profissões e a mudar o perfil de trabalhadores e, principalmente, passou a contribuir no avanço interação homem-máquina, dando início a uma nova área de pesquisa científica, a cibernética.

Após os anos 60, com a explicitação da Revolução Tecnológica que tem como base a microeletrônica, a microbiologia, engenharia genética, bioteconologia e novas fontes de energia, têm se difundido com velocidade avassaladora, estudos em todos os âmbitos das ciências.

No Brasil, na década de 70, são formados os primeiros profissionais da área de Informática e toda uma geração de técnicos. Nesse contexto, a informática passa a ser pensada em educação, sendo orientada para seu uso como teconologia instrucional. Na época, as propostas iniciais do governo para assimilação dessa tecnologia consideravam, primeiro, a necessidade de iniciar a formação profissional das novas gerações e segundo, a democratização do ensino do médio, que se pretendia alcançar com treinamento pela tecnologia, já que não havia escolas públicas suficientes para atender a maioria do adolescentes no país, projetando dessa forma a expectativa de que o software educacional pudesse suprir a problemática da falta de professores e escolas. Apesar dessa crença, não houve grandes avanços na qualidade de ensino, principalmente em relação à aprendizagem dos estudantes. Julgou-se a falha do processo com a falta de preparo dos professores.

Na década de 80, aparecem os microcomputadores, mas permanecem distantes da formação dos professores e do sistema educacional. As escolas particulares são as primeiras a instalarem microcomputadores para seus alunos.

Durante três anos seguidos, 1980 a 1982, o Ministério da Educação realiza encontros nacionais para debater a problema da informática na educação. Nesse momento aparecem alguns estudos desenvolvidos em Universidades (UNICAMP, UFRJ, UFRGS etc.) e outros Centros, como o Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) que estudava o desenvolvimento cognitivo de crianças em interação como o computador, programado em LOGO.

Por iniciativa da Secretaria de Informática (SEI) e com apoio de agências financiadoras (CNPq e FINEP) surge o EDUCOM, constituído inicialmente de cinco Centro-Pilotos: UFPE, UFRJ, UFMG, UFRGS e UNICAMP, que apesar de sofrerem com a insuficiência de recursos e descontinuidades a nível das experiências, propiciou suporte para a formação de recurso humano qualificado para implantação do Programa Nacional de Informática Educativa (PRONINFE). Em 1989 são definidas oficialmente pelo MEC as políticas de informática na Educação, mas os recursos orçamentários para Informática e Educação só foram aprovados em 1992.

Ultimamente, o MEC incluiu em suas prioridades a introdução da informática nas escolas das redes públicas. Esse processo, com ação governamental, tem sido desenvolvido pelo Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO, sob a coordenação da Secretaria de Educação a Distância – SEED/MEC.

Com um conjunto de objetivos a atingir, o Programa pretende iniciar o processo de universalização do uso das tecnologias de ponta no sistema público de ensino.

Os objetivos do PROINFO são: melhorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem; possibilitar a criação de uma nova ecologia cognitiva nos ambientes escolares, mediante incorporação adequada das novas tecnologias de informação pelas escolas; propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico e educar para uma cidadania global, numa sociedade tecnologicamente desenvolvida.

O PROINFO foi concebido para ter sua execução de forma descentralizada, em parceria com Estados e Municípios, sendo o Conselho Nacional de Secretários de Educação – CONSED o articular das ações

Cada Estado tem seu programa de utilização pedagógica da telemática, elaborado por Comissões de Informática na Educação, vinculadas às Secretarias Estaduais de Educação e compostas por representantes destas, de Universidades, da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME, Associações de Pais e Mestres, Conselhos Escolares e outros.

Os programas estaduais estabelecem critérios para a seleção de escolas beneficiárias do PROINFO. O MEC somente envia computadores às escolas que tenham condições físicas adequadas à instalação e recursos humanos capacitados para utilizá-los em benefício dos alunos.

 

1.3 – O Programa Nacional de Informática na Educação em Mato Grosso

A pretensão do PROINFO no Estado de Mato Grosso é abranger o ensino fundamental e médio, tendo como base os núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs). Esses núcleos tem como objetivo apoiar o processo de informatização das escolas, auxiliando tanto no processo de incorporação e planejamento da tecnologia, quanto no suporte técnico e capacitação dos professores e das equipes administrativas das escolas.

No biênio 97/98 serão instalados 6 NTEs-MT, estrategicamente posicionados por todo o Estado de Mato Grosso, conforme figura 01.

Os Núcleos estão sendo instalados em dependências físicas já existentes. Em média, até 22 laboratórios estão/estarão vinculados a cada Núcleo, dependendo das condições específicas, tais como: número de alunos, dispersão geográfica, telecomunicações e facilidade de acesso.

Figura 01 - Localização dos NTEs de Mato Grosso

Para atuar nos NTEs estão sendo qualificados, no curso de Especialização em Informática na Educação, promovido pela UFMT/Seduc, professores previamente selecionados. Esses professores serão os multiplicadores, ou seja, aqueles que prepararão outros professores para atuarem nos laboratórios de informática, a nível de escola.

O programa em Mato Grosso envolve a Sociedade civil e organizada, representada pelos seguintes órgãos: União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Telecomunicações de Mato Grosso – TELEMAT, Central de Processamento de Dados de Mato Grosso – CEPROMAT, Conselho Estadual de Educação – CEE-MT, Delegacia do MEC – DEMEC-MT e Escola Técnica Federal de Mato Grosso – ETFMT.

Para operacionalização do Programa Estadual de Informática na Educação, foi proposto a criação de uma estrutura de núcleos de informática educativa, que deverá ser efetivada através de alguns projetos, tais como: criação de infra-estrutura básica para a informatização das escolas públicas do Estado de Mato Grosso; implantação de laboratórios de informática e avaliação sistêmica e processual. E, também, através de alguns subprojeto, como: implantação de núcleos de tecnologia educacional, informática educativa, capacitação na área de informática com utilização de software e informática na escola como processo pedagógico.

A situação mais recente do PROINFO no Estado é a tentativa de instalação do sexto NTE em Terra Nova do Norte. Entretanto, isso não significa dizer que os demais núcleos encontram-se funcionando na integra. Ao invés disso, encontram-se com problemas na promoção da utilização da telemática, tendo em vista dificuldades de telefonia, exceto o núcleo implantado na Capital. Além disso, por questões de localização geográfica, elevam os gastos orçamentários previstos na execução do PROINFO em Mato Grosso.

Por Mato Grosso ser um Estado de grande extensão territorial, que obviamente implica em distâncias de centenas de quilômetros dentre as diversas cidades, as quais, mesmo não contando com estradas que permitem um acesso em tempo razoável, poderiam acessar, quase que instantaneamente, todas as informações necessárias através da linha telefônica, via telemática. Nesse sentido, são inúmeras as perspectivas de se agilizar o ensino nesse Estado, tornando o PROINFO um programa de importância ímpar para Mato Grosso.

 

1.4 – A situação Educacional no Estado de Mato Grosso

O sistema educacional em Mato Grosso, de acordo com dados coletados junto a Secretaria de Educação/Seduc, continua mantendo-se grave. Não foram resolvidos os problemas apontados em 1970 pelo Gabinete de Planejamento e Coordenação do Governo do Estado (Diagnóstico Sócio-Econômico do Estado) e que foram reafirmados no "Plano Decenal de Educação Para todos", divulgado em 1995 pela própria Seduc: "falta de equipamentos e materiais mínimos para efetivação do ensino; a baixa qualidade do ensino ministrado, decorrente de insuficientes condições infra-estruturais e pedagógicas para a realização do processo de ensino; a falta de conclusão de projetos educacionais iniciados, devido a instabilidade política e econômica do país; o baixo índice salarial dos professores, em situação mais agravante no meio rural, tornando a carreira do magistério pouco atraente e inferior as outras profissões; e, a desigualdade e heterogeneidade da oferta do ensino entre redes, regiões e escolas, configurando um quadro de iniquidade nas oportunidades de aprendizagem."

É sabidamente elucidado que o ensino médio no Brasil apresenta um atendimento deficitário. Em 1991 a rede oficial de ensino atendia 13% da população escolarizável para este grau de ensino.

Em Mato Grosso, o ensino médio é responsável por uma exclusão de aproximadamente 81,4% de sua população escolarizável. Seu atendimento é inexpressivo e não cobre sequer, necessidades mínimas de renovação, por exemplo, de mão-de-obra mais qualificada.

A exclusão ainda é maior na zona rural, onde somente pouco mais de duas centenas de alunos e de 5ª a 8ª Séries, são atendidos pela rede de ensino. Este quadro demonstra a seletividade do sistema educacional mato-grossense. Para somar a esta problemática o Estado ainda apresenta altíssimo nível de reprovação e desistências no ensino médio.

Quanto a qualificação docente no ensino médio, apresenta uma problemática quanto a formação a nível superior dos professores na área de ciências. Na área de química esse quadro constitui-se em um dos mais dramáticos, ocorrendo que em muitos municípios do Estado não há nenhum professor com Licenciatura Plena em Química. E, o que é pior, uma quantidade significativa possui somente o 2º Grau e outros, com nível superior estão atuando fora da sua formação específica.

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2 – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

Os pressupostos ora definidos abarcam os diferentes graus de abrangência de algumas formulações teóricas pertinentes. O primeiro pode ser chamado de "pressuposto psicológico", por constituir um dos pilares sobre o qual se apoia a Tecnologia da Educação. O segundo será chamado de "pressuposto epistemológico" e se refere mais especificamente à comunidade científica responsável pela produção em Ciências Naturais.

 

2.1 – Pressupostos Psicológicos

A fim de se compreender a forma, a extensão e a profundidade com que os elementos e os derivados da informática, contribuem para a construção do conhecimento, proporcionando aprendizagem significativa, faz-se mister fundamenta-lá através de duas vertentes básicas das Teorias Psicologias: a teoria associacionista de estímulo-resposta e a teoria cognitiva.

Sob o ponto de vista do associacionismo, a aprendizagem é, basicamente, uma questão de associações entre estímulos e respostas. Incluem-se nesta classe o conexionismo de Thorndike, a teoria do reflexo condicionado de Pavlov, a teoria do condicionamento operante de Skinner e outros.

Ao estudar a aprendizagem de química através do computador, a psicologia associacionista que aflora como sustentáculo é a do condicionamento operante de Skinner. Nesta teoria os professores são considerados arquitetos e construtores do conhecimento dos alunos. Skinner descobriu ao trabalhar com pequenos animais que o treinamento através do condicionamento operante é bastante eficaz, podendo ser utilizado com o mesmo sucesso quando empregado com jovens.

A psicologia de Skinner é um tipo de ciência que poderia ser qualificada de engenharia e que está destituída de uma teoria no sentido usual. Insiste em que a psicologia é um ciência do comportamento manifesto e somente do comportamento manifesto. Assim, define aprendizagem como uma mudança na probabilidade de resposta. Na maioria dos casos, esta mudança é causada por condicionamento operante (Bigge, 1977).

O condicionamento operante seria o processo de aprendizagem pelo qual uma resposta torna-se mais provável ou mais frequente; um operante é fortalecido – reforçado. Considera-se que todo comportamento humano é um produto de reforçamento operante. Deduz-se então que, sendo operantemente reforçados, os estudantes aprendem a utilizar com melhor eficiência instrumentos manuais, utilizar ferramentas, podendo facilitar o ensino através do computador.

Por sua vez, a teoria cognitiva tem sua preocupação voltada para a cognição-aquisição de um conhecimento, ou seja, basicamente para as percepções de um indivíduo em relação ao seu meio e para o fato de como o seu comportamento é afetado por isso.

Na teoria cognitiva, aprendizagem é o processo através do qual uma pessoa adquire novos insights, estruturas cognitivas ou mudanças em antigas estruturas.

Dentre as teorias de aprendizagem voltadas ao campo cognitivo, o suporte deste projeto, que possui como principal objetivo buscar a aprendizagem significativa via computador, será estabelecido pela Teoria de David Ausubel, por está apresentar estudos clássicos sobre a aprendizagem significativa e sobre a linguagem.

De acordo com a abordagem ausubeliana (Moreira, 1983), uma das condições fundamentais para que ocorra a aprendizagem significativa é que as informações devem relacionar-se de alguma forma com um elemento relevante da estrutura de conhecimentos do indivíduo, ou seja, as novas informações devem fazer sentido para o

indivíduo. Indivíduos diferentes terão como subsunçores conceitos diferentes, portanto, para que os mesmos obtenham aprendizagem significativa sobre um determinado tema, as informações a lhes serem oferecidas devem ser diferentes.

Ausubel enfoca ainda a questão da linguagem como importante facilitador para ocorrência da aprendizagem significativa, isto é, os conceitos abordados serão realmente assimilados pelos alunos se eles forem apresentados numa linguagem que também faça sentido ao aprendiz.

A teoria cognitiva de Ausubel tornou a estrutura cognitiva um objeto de estudo central dentro das pesquisas realizadas na área. A partir de Ausubel, os pesquisadores têm mantido uma preocupação especial com a inter-relação entre os conceitos e como estão hierarquizados essas inter-relações no interior da mente humana (Posner et al, 1982). Foram então desenvolvidas várias formas de representar a estrutura cognitiva, dentre as quais, destaca-se os mapas conceituais, as preposições conceituais e as árvores conceituais. Tais métodos são capazes de gerar uma representação gráfica instantânea que , se não é absolutamente fiel à real estrutura cognitiva de um indivíduo em um instante de tempo, pelo menos tem alguma semelhança com ela.

A partir da década de 80, os pesquisadores da área passaram a se preocupar não somente como os conceitos estão hierarquizados na estrutura cognitiva do aprendiz, mas também em como essa hierarquia muda em função da educação e em função do próprio cotidiano do indivíduo.

Dessa forma, no âmbito do seu desenvolvimento como ciência a computação mantêm uma analogia com a ciência cognitiva, o que demonstra que o desenvolvimento da pesquisa científica utilizando-se elementos das duas ciências é um caminho que se apresenta promissor.

 

2.2 – Pressuposto Epistemológico

As indiscutíveis rupturas epistemológicas ocorridas na construção do conhecimento, provocada pela química e física contemporânea é muito bem explicitada por Gaston Bachelard. "O novo Espírito Científico" está prestes a completar um século de revolução científica, mas continua confinado aos ambientes acadêmicos. Enquanto isso, os estudantes da "Era Cibernética" continuam alienados da produção científica, reproduzindo conhecimentos fragmentados que condena a maioria ao analfabetismo científico e, consequentemente, os direciona ao domínio de quem o detém.

Se faz urgente a procura de sínteses totalizantes das conquistas científicas, mediante a visão atualizada da ciência contemporânea, cuja epistemologia exige espírito renovado e renovador, carregado de dúvidas e incertezas.

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3 – PROPOSTA METODOLÓGICA

A presente proposta assenta-se na atuação direta junto ao Programa Nacional de Informática na Educação – Mato Grosso, que será o veículo imediato da pesquisa prática, viabilizado pelo trabalho conjunto com a Secretaria Estadual de Mato Grosso. A tarefa da proponente desta tese de doutoramento será a de acompanhar e sintetizar os resultados obtidos no desenvolvimento do Programa supracitado, quanto a aprendizagem dos conhecimentos químicos, verificando possibilidades e propondo novas alternativas de aprendizagem significativa.

A parte experimental ocorrerá mediante o acompanhamento de todas as fases do processo, desde a preparação dos professores, produção de conteúdos, utilização pedagógica até avaliação de resultados junto aos alunos do ensino médio.

Não há pretensão e/ou previsão de acompanhar todos os núcleos instalados ou que serão implantados futuramente no Estado. Ao invés disso, serão escolhidos núcleos representativos onde o trabalho a serem executados ou em processo de execução, estejam em consonância com os objetivos deste projeto de pesquisa, no condizente à projeção de potencializar resultados.

Resumidamente, as atividades que a princípio devem balizar a execução deste projeto e que deverão se tornar mais explícitas ou serem até mesmo modificadas, no decorrer do desenvolvimento do trabalho, são:

levantamento bibliográfico;
diagnóstico da situação atual da educação em química nas cidades onde estiverem implantados os NTEs, a princípio os seis núcleos (Cuiabá, Cáceres, Nova Xavantina, Rondonópolis, Diamantino e Terra Nova do Norte). Tomar-se-á dados das condições didáticos-pedagógicas do curso (laboratórios de informática, condições físicas e ambiente, equipamentos e softwares disponíveis). Levantamento de dados junto aos professores que trabalham no curso, no sentido de poder avalia-los nos diversos ângulos. Dados estes que se prendem desde a sua concepção de mundo e de educação até a sua visão de ensino-aprendizagem. Os instrumentos de coleta para este item baseiam-se em entrevistas semi-estruturadas, repostas a questionários, observações de aulas e outros;
Definição dos critérios para seleção dos NTEs, onde serão feitos os acompanhamentos dos trabalhos (quanto aprendizagem de química), no sentido de otimizar resultados para a produção de material didático;
Acompanhamento da implantação (se for o caso) e execução do PROINFO em Mato Grosso. Análise dos softwares utilizados pelos professores no processo de ensino-aprendizagem, das estratégias envolvidas no uso da telemática pelos alunos e da metodologia empregada.
Levantamento de dados quanto as concepções prévias dos alunos, envolvidos no NTEs (pré-teste)
Produção de material didático em hipertexto (html). Isso se justifica diante do fato de que os arquivos de computador html podem ser disponibilizados via Internet.
Aplicação do material produzindo aos professores e alunos do PRONFO, seguido de um pós-teste.
Formulação de uma proposta para um redelinhamento do ensino de química via informática com aprendizagem significativa, à luz dos problemas verificados;

Este projeto de pesquisa conta com o apoio das seguintes estruturas para sua execução: PROINFO-MT, Universidade Federal de Mato Grosso e Laboratório de Ensino de Química.

Quanto a recursos humanos, pretende-se envolver os discentes do curso de Licenciatura Plena de Química – UFMT, cursando as disciplinas Prática de Ensino de Química I e II. O envolvimento desses discentes se dá em decorrência da necessidade de integração dos alunos, futuros educadores, com uma experiência da informática no ensino, bem como para contribuírem nas coletas de dados.

Pretende-se, também, trabalhar em conjunto com o Grupo de Pesquisa em Ensino de Química – UFMT, o AIPEQ (Ações Integradas de Pesquisa em Ensino de Química), que atualmente conta com uma equipe de 3 professoras-pesquisadoras, 2 mestrandas e 3 alunos de Iniciação Científica. A intenção principal de trabalhar com o apoio desse grupo de pesquisa se dá em virtude das possibilidades de utilização da estrutura física existente (salas, gravadores, computadores, laboratórios etc.), bem como, por considerar que o estudo atual que o grupo realiza é de importância para o presente trabalho. A equipe está elaborando o diagnóstico da situação atual da educação química na Baixada Cuiabana.

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4 – CRONOGRAMA

As atividades deste projeto podem ser dividas em três etapas:

 

1ª Etapa: março/1999 a julho/2000

Este será o período destinado ao levantamento bibliográfico, aos diagnósticos, a escolha do Núcleo e acompanhamento dos trabalhos do PROINFO.

2ª Etapa: Agosto/2000 a março/2002

Neste período estarão sendo produzidos e aplicados os materiais didáticos para uso na informática, a partir dos resultados da etapa anterior.

3ª Etapa: abril/2002 a dezembro/2002

Será o período de fechamento da tese de doutoramento, qualificação e defesa.

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5 – BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

· ALONSO, K. M. & PRETI, O. Educação em Mato Grosso: Desvelando Estatísticas. Cuiabá: Editora UFMT, 1997.

· BACHELARD, G. O Novo Espírito Científico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1985.

· BIGGE, Morris L. Teorias da Aprendizagem para Professores. São Paulo: EPU, 1977.

· BUTTON, G. et al. Computadores Mentes e Conduta. São Paulo: Editora UNESP, 1998.

· CAMPOS, M. de Souza. Psicologia da Aprendizagem. Petrópolis: Editora Vozes, 1978.

· CHASSOT, A. I. & OLIVEIRA, R. J. (orgs.). Ciência, Ética e Cultura na Educação. São Leopoldo: Editora UNISINOS, 1998.

· COBURN, P. et al. Informática na Educação. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 1988

· DRIVER, R. Students’ conceptions and the learning of science. Internacional Journal of Science Education, vol.11. p. 481-490.

· FERREIRA, J. C. V. Mato Grosso e seus Municípios. Cuiabá: Secretaria de Estado da Cultura, 1997.

· GIOVANNINI, G. Evolução na Comunicação – Do Sílex ao Silício. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1987.

· IBGE, Censo Demográfico 1991. Características Gerais da População e Instrução. N.º 26 – Mato Grosso. Rio de Janeiro: IBGE, 1991.

· MINC, A. & NORA, S. Informatização da Sociedade. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1980.

· MOREIRA, M. A. Ensino e Aprendizagem – Enfoques Teóricos. São Paulo: Editora Moraes, 1983.

· OLIVEIRA, Ramon de. Informática Educativa. Campinas, SP: Papirus Editora, 1997.

· PREECE, P. F. W. Mapping Cognitive Structure: a comparison of Methods. Journal of Education Psychology, vol. 68, n.º 01, p. 1-8.

· POSNER, G. J. et al. The Clinical Interview and the Measurement of Conceptual Change. Science Education, vol.66, N.º 2, pp. 195-209.

· SANTOS, W. L. P. & SCHNETZLER, R. P. Educação em Química: Compromisso com a Cidadania. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 1997.

· SEDUC/MATO GROSSO. Plano Decenal de Educação Para Todos. Cuiabá, 1995.

· TABER, K. S. Student reaction on being introduced to concept mapping. Phisics Education, vol.29, p.276-281.

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