CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA METÁFORA

 

 

Prof. Italo Oscar Riccardi León

 

Há bastante informação a respeito da metáfora. E não pretensão nestas linhas abranger todos os seus pormenores. Somente, temos a intenção de fazer algumas contribuições que julgamos pertinentes, dado o contexto das discussões e presença constante dela nas abordagens teóricas dos textos do Lévy discutidos até o presente momento. Por curioso que possa parecer, a metáfora está muito mais presente em nossa vida, cotidiano pessoal, profissão e imaginário do que pensamos. A metáfora se relaciona com nossas experiências de vida e está muito ligada ao nosso corpo, as nossas percepções, representações mentais e conteúdos da consciência. Se o homem é um ser de linguagem que precisa comunicar-se através de gestos e palavras, a metáfora estará presente para preencher o sentido das construções simbólicas da realidade interna/externa que lhe rodeia e assombra.

 

Metáfora é...Ao final de contas, o que é metáfora? (...P , A , Q , ª , D , i , @, *, #, ¶...) (Entre nós, a metáfora é tudo isso. Não é?).

 

Eis algumas considerações:

 

 

1. Gilberto Gil diz que a metáfora é:

 

Uma lata existe para conter algo

Mas quando o poeta diz: "lata"

Pode estar querendo dizer o incontível

Uma mta existe para ser um alvo

Mas quando o poeta diz: "meta"

Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso não se meta a exigir do poeta

Que determine o conteúdo em sua lata

Na lata do poeta tudo-nada cabe

Pois ao poeta cabe fazer

Com que na lata venha caber o incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta

Deixe a sua meta fora da disputa

Meta dentro e fora, lata absoluta

Deixe-a simplesmente metáfora.

 

2. A etimologia da palavra metáfora diz que metáfora provém da palavra grega methaphorà, onde metha significa mudança ou transformação e phorà diz relação com levar e portar. A palavra metamorfose, por exemplo, significa: mudança de forma ou, simplesmente, transformação. Segundo Aristóteles, a metáfora "consiste en darle a la cosa el nombre que pertenece a otra cosa; siendo la transferencia de género a especie, o de especie a género, o de especie a especie, o sobre la base de analogía". (Poética, 1457b) Alguém dizia que a metáfora "no es propiamente hablando una sustituición de sentido, sino una modificación del contenido semántico de un término. Cada lector puede tener su representación personal, siendo lo esencial el establecer el itinerario más corto para el cual dos objetos pueden encontrarse. La metáfora extrapola, se basa en una identidad real manifestada por la intersección de dos términos para firmar la identidad de dos términos enteros". Para pensar, eis a seguinte sentencia que traz implícito um sentido metafórico: "El hombre no es más que una caña, la más débil de la naturaleza, pero es una caña pensante". Assim se propicia o jogo da metáfora: ela permite dar brilho ao real e cria um confronto onde se extrai a contradição de uma identidade. A metáfora, por ser uma figura de linguagem, possui o poder de comparar, de provocar semelhanças, de relacionar identidades, de produzir ou evocar analogias.

 

3. Sendo a metáfora uma figura de linguagem chave no processo de significação da linguagem humana -na linguagem da teoria literária tropos- pode ser definida como "uma transferência de significado que tem como base uma analogia: dois conceitos são relacionados por apresentarem, na concepção do falante, algum ponto em comum. A partir daí, amplia-se o campo de abrangência do vocábulo, instaurando-se a polissemia, essencial para que se realize qualquer processo de mudança, que exige variação e continuidade. Em termos cognitivos, os procedimentos analógicos apoiam-se em conceitos mais concretos e mais próximos à experiência do indivíduo. Dessa meneira, ele pode estender a sua compreensão para níveis mais complexos e abstratos de apreensão e conhecimento da realidade. Esse procedimento é altamente produtivo na ampliação e renovação do vocabulário de uma língua. Embora seja um processo tradicionalmente encarado como eminentemente semântico, na verdade ele opera com regras prgmáticas. Se entendida apenas no nível semântico, a analogia metafórica pode não ser plenamente descodificada pelo receptor. As interferências são significações pragmáticas não dedutíveis de regras lógicas, mas sim de regras conversacionais, do que é verdadeiro ou relevante a partir das relações contextuais". ( Jorge Borges).

 

4. La metáfora ocupa, sem dúvida, um espaço significativo na vida do homem, onde o mais importante, como diz o pesquisador Ramón Suárez Caamal é "el gozo de capturarlas al leer o escribir. Camaleón del texto, miméticas en su arco iris semántico, las metáforas viajan al núcleo del lenguaje, dan lustre a las palabras desgastadas por el uso, arrojan sua redes de asociaciones y unen lo semejante a lo diverso. Hay un relámpago de intuiciones cuando una de ellas porta la llave que abrirá nuestro espíritu a la contemplación de la verdad y la belleza que habitan cada uno de los rincones de lo aparente y lo oculto. Cuando la palabra da en el blanco a través de la metáfora, los objetos más comunes, las situaciones más triviales se muestran en toda su complejidad: por el ojo de la aguja del tiempo cotidiano pasan, no sólo el camello sino peces, árboles derribados y expediciones al mundo invisible. Esto nos lleva a considerarla no como un adorno del lenguaje y sí hueso, nervio y alma de la expresión". (O grifo é nosso)

 


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