Justificativa
a) Uma breve análise de nosso sistema educacional Em nossa prática educacional, do que mais ouvimos falar são os problemas relacionados à aprendizagem, à falta total de interesse dos alunos, à desmotivação, ao fracasso, à evasão etc. Poucos são os estudos referentes as Dificuldades de Aprendizagem, relacionados aos fatores ambientais, especialmente aqueles pertinentes à escola e, mais especificamente, nos problemas relacionados às formas, na maioria dos casos aos métodos e formas empregadas no processo de ensino-aprendizagem, gerando no aprendiz uma total desmotivação em aprender. Em várias situações poderemos nos deparar com os problemas ou dificuldades na aprendizagem procedentes de reações de não aceitação das normas de disciplinas escolares, má formação do professor, forma de ministrar a aula, metodologia aplicada, trajetória pré-estipulada pelo professor no processo de aquisição do conhecimento, má integração do sujeito no grupo etc. Não podemos imaginar todos os problemas somente vindos do aprendiz, queremos sim, refletir a respeito da origem do processo reativo de não aprender, principalmente quando este estiver relacionado ao modelo educacional aplicado. Acreditamos que em alguns casos esta reação de não aprender deve-se ao fato de a forma empregada, do sujeito passivo (aluno) diante do sujeito ativo e detentor do conhecimento (professor), coibir uma maior interação do aluno no processo de aprendizagem. O aluno sente-se tão desprovido de formas de comunicar suas idéias, hipóteses, crenças e dúvidas, que encontra como única saída de demonstrar seu descontentamento, a reação de não aprender. Desta forma contestativa, talvez ele possa chamar atenção e, quem sabe, poder participar mais ativamente do processo de construção de seu conhecimento. Não será mantendo nossos alunos passivos diante do pedestal do senhor do conhecimento, que conseguiremos detectar as carências, as limitações, assim como os pontos positivos, para encarar cada aprendiz como um sujeito impar, que aprende de forma singular e possui necessidades específicas. Há de imaginar formas alternativas de propiciar situações nas quais cada aluno se exponha ao máximo, pois somente desta forma conseguiremos conhecê-lo e nos programar para mediar e facilitar os caminhos do seu desenvolvimento. Acreditamos que o ambiente escolar na sua forma mais clássica, os métodos por muitos empregados e a leitura que alguns professores fazem do aluno como sendo uma tabula rasa, desprovido de origens, histórias, conhecimentos prévios e que por conseqüência está em sua sala de aula para ouvir passivamente as informações do detentor do conhecimento são as principais fontes geradoras da desmotivação em aprender. Com estes procedimentos educacionais, a possibilidade de o aluno estar ativo ao meio e à ação é totalmente coibida e, desta forma, acreditamos que a única motivação intrínseca que o aluno pode ter é reagir não aprendendo. Nossa afirmação parece não apresentar nada de novo, pois de uma certa forma já ouvimos ou comentamos a respeito disso, porém nossa maior preocupação neste momento é exatamente criar em cima desta afirmação uma reflexão sobre como encará-la, buscando estudos e possibilidades de soluções, muito mais voltada ao método, à forma, à abordagem e à práxis educacional, do que gerar novos conceitos teóricos a respeito desta problemática, que mesmo com toda sua validade não são acessados e principalmente empregados pela grande massa de educadores de nosso país. Em alguns acompanhamentos e breves pesquisas que realizamos a respeito de práticas que demonstraram resultados, encontramos vários exemplos isolados mas, o que mais encontramos como "sucesso" foram os trabalhos de Projetos, realizados pelos alunos que envolviam um desprendimento das formas clássicas de pesquisa, ou seja, normalmente os trabalhos realizados com experenciações, pesquisa de campo, construção de protótipos e maquetes, trabalhos com sucatas, representações, dramatizações etc., provaram ser eficientes tanto em termos de resultados de aprendizado quanto em motivação dos alunos. Seguindo esta mesma linha de raciocínio, pretendemos ainda aproveitar a dinâmica de trabalho com Projetos, em alguns casos já existentes e instrumentalizá-la ainda mais, com os recursos tecnológicos. Acreditamos desta forma, propor uma melhor utilização dos recursos tecnológicos, não sub-utilizando-os portanto de forma pouco interativa, onde o aprendiz se posiciona apenas como usuário e observador de modelos pré estabelecidos. Imaginamos que, com uma proposta de autoria de documentos Web e/ou Multimídia na realização de seus Projetos Temáticos, o aprendiz terá maiores possibilidades de interação no seu processo de aprendizagem e construção de seu conhecimento, não ficando apenas a mercê dos limites de interatividade proposto pela arquitetura de um software. Esta proposta consequentemente nos conduzirá à elaboração de caminhos e alternativas de trabalho a serem apresentadas aos professores, quanto a dinâmica de trabalho, bem como sua sistematização no ambiente escolar.
b) Por que Projetos? Em primeiro lugar, gostaríamos de frisar que os Projetos não são e não serão os salvadores dos problemas educacionais, e que tudo será realizado a partir deles, ou seja, não podemos utilizar a fantástica concepção dos conceitos de Projetos e fazer desta a panacéia da educação, pois desta forma estaremos enterrando uma excelente proposta sem mesmo ela ter nascido no seio das escolas. Diferentes dos cansativos e anacrônicos trabalhos de casa e das pesquisas que se transformam no máximo em "bons" exercícios de caligrafia, já que estes refletem apenas a cópia de centenas de enfadonhas palavras de um livro, os Projetos ampliam em muito estes velhos conceitos. No desenrolar das etapas do Projeto muitas situações e problemas se desencadearão, assim como novas descobertas surgirão assimilações e acomodações acontecerão - e espera-se que novos esquemas se formem. De uma forma mais simples Gardner (1994 b) fala a respeito:
Quanto a justificativa desta dinâmica de trabalho, podemos mencionar novamente Gardner (1994 b), que cita a grande preocupação das escolas em ensinar seus alunos a responderem testes e mais testes, e toda esta gama de informações adquiridas e necessárias para responder estas baterias de testes se perderão logo após os alunos saírem das escolas. Em contrapartida fora da escola encontrarão uma sistemática de trabalho que sempre envolverá os Projetos, por exemplo, um Projeto de arquitetura, um Projeto de reflorestamento, um Projeto educacional etc. Analisando por este ângulo, por que então não iniciarmos já na escola, de forma mais sistemática, aquilo que eles realmente farão em suas vidas pós-escola, deixando um pouco de lado aquilo que eles não utilizarão posteriormente ? Por outro lado devemos ainda imaginar que enquanto cidadão em formação, nosso aluno necessita experenciar no ambiente escolar tudo aquilo que encontrará posteriormente no meio social. Desta forma, o projeto deverá ser mais uns dos tantos componentes a ser introduzido ao universo do aluno, principalmente se considerarmos a citação de Machado (1997):
Por essa óptica , e acrescentada as questões dos avanços tecnológicos e suas integrações constantes no meio social, julgamos ser de extrema importância que a introdução ao conceito de Projeto, principalmente aliados à utilização de ferramentas tecnológicas, deverá iniciar no ambiente escolar, pois desta forma estaremos formando esse sujeito aprendiz mais integralmente para a vida e consequentemente para sua inserção social.
c) A Informática mediando os Projetos para o entendimento Consideramos que a Informática possa assumir o papel de mediadora nos Projetos para o entendimento. Por não existir um conteúdo acadêmico pré-estabelecido, a Informática Educacional pode ser trabalhada de forma abrangente, essa flexibilidade e possível visão de mediadora, e não apenas de "fornecedora" de conteúdos, é que leva a sua utilização a ser encarada como ferramenta auxiliar na dinâmica proposta, facilitando a inter-relação das demais disciplinas. Outra característica que não podemos desconsiderar é o "encanto" que as novas tecnologias geram no aprendiz. Este, traduzido na forma de motivação e desafio, poderá ser melhor trabalhado no processo de aprendizagem para o entendimento. É incontestável que a sociedade em que vive esse sujeito aprendiz é extremamente frenética, propiciando respostas aos seus questionamentos de forma muito rápida. Nesta óptica, não podemos imaginar um sujeito motivado para aprender dentro de um ambiente de recursos "lentos" e não estimulantes. Imaginamos que tais recursos tecnológicos poderão ser aliados, de forma muito mais significativa, ao processo de aprendizagem e consequentemente ao desenvolvimento do espectro de competências, quando utilizados em dinâmicas de investigações existentes na elaboração de um Projeto, oportunizando ao aprendiz a possibilidade de posicionamento enquanto autores. Desta forma, seus questionamentos não serão apenas respondidos por um software, mas farão parte de suas investigações, assim como a interatividade não será pré-definida pelo autor dos softwares, mas determinadas pelo aprendiz/autor. Enquanto autor, o aprendiz estará constantemente resolvendo problemas e projetando. O que sem dúvida, é uma das características essenciais para o seu posicionamento diante de situações que possam auxiliar no desenvolvimento de suas múltiplas competências. |