Educação em Química e Multimídia


QUÍMICA NOVA NA ESCOLA
Ferramentas de busca

nº8, Novembro 1998




Marcelo Giordan

       

A seção "Educação em Química e MultiMídia" tem o objetivo de aproximar o leitor das aplicações das tecnologias comunicacionais no contexto do ensino-aprendizado de química. Neste número, apresenta-se uma reflexão entre modalidades comunicacionais orais e escritas em dois momentos da história, tratando de discutir as diferenças e semelhanças entre elas.


Arautos e Mensagens Eletrônicas.

Conta-se que na Grécia Antiga, um homem chamado Phillipides correu de Atenas a Targeto para avisar sobre o desembarque das tropas persas em Maraton, cidade litorânea da Grécia, levando dois dias para cobrir o percurso. Alguns afirmam que após ter dado a notícia o mensageiro caiu morto, o que não é um consenso. Naquela época, era muito comum que estes mensageiros, conhecidos como arautos, percorressem a pé grandes distâncias, normalmente com o objetivo de informar oralmente sobre algum acontecimento de natureza bélica.

Nos tempos da Internet, o tempo para enviar e receber mensagens pode ser menor do que o intervalo para um cafezinho, daqueles que se toma em pé na sala dos professores. Alguns minutos são suficientes para que a mensagem saia de um computador localizado na Grécia e chegue ao Brasil, há alguns milhares de quilômetros, trazendo informações na forma de texto, imagem e som. Na verdade, este intervalo de tempo, que normalmente é da ordem de minutos, pode ser reduzido para alguns segundos, desde que o trânsito nas "fronteiras" (os roteadores que administram o tráfego de mensagens) não esteja sobrecarregado e os aplicativos que medeiam o envio e a recepção da mensagem sejam eficientes. O correio eletrônico, que no jargão da Internet é chamado e-mail (de electronic mail), é uma das primeiras formas de compartilhamento de recursos computacionais desenvolvida há cerca de 25 anos, ainda na ARPANET, a primeira rede de computadores, que deu origem à Internet (Giordan, 1998).

Entre o correio a pé dos arautos gregos e o correio eletrônico da Internet há muitos séculos os separando, mas há seguramente também um encurtamento de distâncias, pois hoje o Brasil e a Grécia estão mais próximos do que estavam Atenas e Targeto. Claramente, não se trata de distância física, medida em metros, mas de uma distância conotando conhecimento, tendo como uma das formas de medida a capacidade de troca de informações. A maior velocidade de troca de informações aproxima os povos no sentido do maior conhecimento que cada um vem a ter do outro, encurtando assim as distâncias.

Apesar dos tempos e distâncias serem outros, existem alguns pontos que aproximam e afastam estas modalidades de comunicação, que merecem uma reflexão mais aprofundada. O fato de existir um intervalo entre enviar e receber ambas as mensagens permite classificá-las como assincrônicas. Como se observou, o intervalo de tempo entre enviar e receber uma mensagem eletrônica pode ser progressivamente reduzido, mas deve-se necessariamente terminar de redigi-la para enviá-la e só então o destinatário poderá lê-la, tomando assim contato com ela. O leitor é obrigado a esperar o escritor terminar seu texto e só após este ter sido transportado até ele, poderá tomar ciência, fazer um juízo da idéia do seu interlocutor. Da mesma forma, o povo de uma cidade grega só tomava ciência de um acontecimento depois do arauto ter ouvido a mensagem, percorrido a distância entre as cidades e tê-la anunciado oralmente.


arrow_blue_left.gif (251 bytes)
Voltar

 Próxima Página
Avançar

[arautos e mensagens eletrônicas]   [assembléia e chats]    [o virtual na sala de aula]

[endereço quentes da internet]   [glossário multimídia]   [bibliografia]

 

L@PEQ
© - 2000 Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química
Atualizado em02/08/2000