Educação em Química e Multimídia


QUÍMICA NOVA NA ESCOLA
Ferramentas de busca

nº8, Novembro 1998




Marcelo Giordan

       

O Virtual na Sala de Aula

E a sala de aula, como se comportará diante destas mudanças? Antes que nos apressemos a fazer futurologia, é necessário refletir mais e mais sobre alguns condicionantes dos eventos comunicacionais que nelas ocorrem. O tempo e a vez de cada voz nas salas de aula continuam mal distribuídos, insistindo-se em privilegiar o professor irradiando, no centro das atenções, o conhecimento. O correio eletrônico e as salas de bate-papo, modalidades com forte apelo virtual, rompem este monopólio, potencializando uma repartição mais eqüitativa do tempo e da vez de cada interlocutor. Apesar da participação distribuída não resolver o problema da qualidade das falas na sala de aula e na Internet, aguçar o senso de responsabilidade por aquilo que se diz e se escreve é um meio seguro de garantir o compromisso pela qualidade das relações humanas em geral e do ensino em particular.

Devemos aproveitar esta oportunidade de acesso a diferentes fontes de informações e conhecimento, que a comunicação mediada por redes de computadores está nos trazendo.


A novidade estampada
na Internet contrasta
com o conservadorismo
e a falta de recursos
em que vivem
as escolas


A sala de aula precisa aprender a conviver com a diversidade, sendo neste sentido útil que o correio eletrônico traga para ela a voz de outros elaboradores do conhecimento e da cultura humana. Poder trocar mensagens com uma indústria do setor papeleiro e com um núcleo de defesa do meio ambiente traz um incremento substancial de qualidade e inovação para as discussões   temáticas,  merecedoras  de  mais  espaço   nas salas de aula.

 

O entorpecente da memória citado por Sócrates, a escrita, transformou positivamente a comunicação, e se nos tempos pós-modernos não somos todos letrados, não é por culpa desta tecnologia, mas sim, daqueles que a usaram como instrumento de exclusão. A priorização da escrita, transformada pelos novos recursos audio-visuais, como elemento de mediação e apropriação de informações e conhecimento é um outro investimento a ser feito na comunicação por correio eletrônico e nas salas virtuais de reunião (como prefiro chamar as salas de bate-papo). Ler e escrever são prerrogativas para a comunicação nos tempos da Internet, ao contrário do que ocorria na época dos arautos da Grécia Antiga. Importa, neste momento, que façamos do correio eletrônico e das salas virtuais de reunião meios para exercitar estas atividades milenares de elaboração do conhecimento humano, a leitura e a escrita. Desta forma, a escola estará cumprindo com simplicidade uma tarefa antiga, que há muito vem sendo cobrada sua eficiência, e estará inaugurando ao mesmo tempo uma nova e complexa interface de comunicação com a sociedade, o que poderá romper com seu isolamento do mundo real.

É um desafio formidável aproximar esta nova tecnologia da comunicação da escola, especialmente porque a novidade estampada na Internet contrasta com o conservadorismo latente nas escolas. É importante que os professores não sejam simples arautos desta novidade, mas usuários críticos que venham a utilizá-la como meio para transformar positivamente seus ambientes de trabalho, contribuindo para subverter a tendência histórica de dominação e exclusão que as tecnologias exercem sobre a sociedade.


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Atualizado em02/08/2000