VOAR OU NÃO VOAR?
 
 
 
Ao acessar esta atividade, você estará se informando sobre um tema muito importante em química ambiental: a destruição da camada de ozônio. A atividade aborda o tema a partir da constatação de que o óxido nítrico age como catalisador da reação de destruição do ozônio.
Há uns trinta anos, o químico Harold Johnston, trabalhava na Universidade da Califórnia, em Berkeley nas redondezas de São Francisco. Johnston e alguns de seus colaboradores advertiram sobre o possível efeito, na estratosfera, causado pelo uso de aeronaves supersônicas, como por exemplo, o Concorde, que estava em costrução na época. Johnston estava preocupado a respeito do óxido nítrico adicional que se produziria: ele não estava seguro do efeito porque até então não havia vôos freqüentes na estratosfera; mas segundo seus cálculos ia se destruir muito ozônio.
 
Depois, este assunto deixou de preocupar, porque foram construídas muito poucas naves supersônicas. Entretanto o problema voltou a surgir: companhias britânicas, japonesas e norte-americanas estão dispostas à construir uma nova geração de naves supersônicas, conhecidas como transportes supersônicos, SST. Johnston e seus colaboradores já estão fazendo outros cálculos sobre o possível efeito destas SST sobre a concentração do ozônio na estratosfera. Nesta atividade é mostrado como tudo aconteceu.
 
Atividade I
Faça uma leitura do texto abaixo, e em seguida tente montar um conjunto de regras que viabilizem a construção e utilização das naves supersônicas.
 
É o último de sua raça?
 
Concorde já transportou quase 2,5 milhões de passageiros felizes desde que começou a trabalhar com a British Airways e Air France há 15 anos. Ainda é um avião muito bonito e uma maravilha tecnológica, apesar de parte de seu desenho possuir quase 30 anos. Nenhuma outra máquina pode levar 100 pessoas numa velocidade duas vezes maior que a do som. Entretanto, o concorde não é imortal. Pode seguir voando muito até a entrada do próximo século. Época em que a maioria dos outros jatos de passageiros de sua época já estariam fora ( voam com mais freqüência que o concorde e portanto envelhecem mais rápido ). Porém um dia será retirado. Quando finalmente levantar vôo em direção ao museu, desaparecerão os passageiros supersônicos junto com ele?
 
Algumas companhias aéreas têem se empenhado em buscar uma nova nave SST. Deixando de lado o grande risco comercial que isto envolve, o maior obstáculo técnico é o ambiente. O problema não é somente o ruído e a impressão de tremor leve que pode dar ao jato supersônico que passa por cima de nossas cabeças. Alguns cientistas temem que a contaminação que provém dos motores de uma grande frota de naves SST poderia danificar mais a camada de ozônio do que aqueles que hoje são considerados os maiores culpados: os clorofluorcarbonatos que são liberados pelos aerosóis e refrigeradores.
 
Ainda na década de 70, época em que se preocupava menos com as questões ambientais, as preocupações giravam em torno do ruído e a contaminação que o Concorde causaria. Por este motivo esta nave foi proibida em muitos aeroportos. Mas seus piores efeitos foram registrados nas calculadoras, e não nos medidores de deciBeis: o projeto resulto em um desastre comercial. Foi desenhado em uma época em que o petróleo era barato e abundante, porém levantou vôo no meio de uma crise de petróleo. Eventualmente somente 14 aeronaves foram construidas; os colaboradores britânicos e franceses terminaram tendo que pagar custos de desenvolvimento no valor de $4.000 milhões. Se suspenderam um projeto de uma nave SST nos Estados Unidos e outro na Rússia.
 
Talvez tenha sido melhor, tendo em vista o enorme dano que uma grande frota de aeronaves SST poderiam causar ao ambiente. Harold Johnston, professor de química da Universidade da Califórnia em Berkeley, já havia estudado o tema. Usando os modelos atuais da atmosfera, sua equipe de pesquisadores calculou que a emissão dos gases de uma frota de 500 aeronaves SST, voando a 66.000 pés (20km), a uma velocidade de três vezes à velocidade do som, reduziriam os níveis de ozônio mais rapidamente do que os que são produzidos hoje em dia através da produção de CFC do mundo.
 
Se o Dr Johnson tiver razão, a próxima geração de naves SST terão que ser radicalmente diferentes para obter a aprovação dos defensores do ambiente. Entretanto, a maior parte dos engenheiros visualizam o sucessor do Concorde muito parecido com seu inspirador. Fazer um Concorde maior e melhor não é nada bom, ainda sem levar em conta a camada de ozônio. Produzir o substituto do Concorde custaria mais $20.000 milhões, razão pela qual as companhias aéreas acreditam que só poderia funcionar como projeto internacional em conjunto. Muitas companhias querem participar. A British Aerospace e Aeroespacial da França, que construíram o Concorde em conjunto, se uniriam outra vez. As norteamericanas Boeing e McDonnell Douglas, a alemã Deutsche Aerospace e as companhias japonesas também possuem projetos em andamento. A Rolls-Royce da Grã Bretanha, a Snecma da França, e as norteamericanas General Eletric e Pratt & Whitney estão estudando possíveis motores. A companhia norteamericana Gulfstream que fabrica jatos comerciais e a oficina de desenho de aeronaves Sukhoi da Rússia, bem conhecida por seus bombardeiros e aviões de ataque supersônicos, estão estudando um jato supersônico para executivos, que poderiam levar 18 passageiros. Por ser menor, este tipo de aeronave causaria menos ruído e contaminação.
 
A nova nave SST levaria mais passageiros que o Concorde, provavelmente de 250 a 300. Porém para evitar o uso de combustíveis exóticos ou materiais de custo excessivo, que assustariam as companhias aéreas, não voariam muito mais rápido. O que é mais importante, teria uma autonomia em torno de 6.000 milhas (9.600 km) para permitir vôos sem escala sobre o Pacífico. Isto tornaria possível voar desde Los Angeles a Tokio em aproximadamente 4 ½ horas, uma viagem que leva 10 horas em um avião subsônico. O Concorde não pode fazer esta viagem, porque sua autonomia se limita a 4.000 milhas mais ou menos.
 
A nova nave SST também voaria mais alto, talvez um pouco mais alto que o Concorde, cuja altura de cruzeiro supersônica é de 60.000 pés ou um pouco menos. Isto é uns 20.000 pés mais alto que a das linhas subsônicas.
 
Embora voe a 60.000 pés, uma aeronave cria uma onda de choque, que à altura do solo é um estampido supersônico. Isto pode chegar a romper os vidros das janelas, por esta razão o Concorde é proibido de realizar vôos supersônicos sobre a terra. Embora alguns cientistas já tenham pensando sobre esta questão de eliminar o estampido supersônico, eles não chegaram a nenhuma conclusão satisfatória. É possível moderar o estampido, utilizando desenhos mais aerodinâmicos, em forma de flecha, para reduzir a onda de choque. Porém ainda um pequeno estampido poderia ser excessivamente forte para os que vivem no solo.
 
A Federal Aviation Administration dos Estados Unidos diz que está considerando regras que façam com que as futuras naves supersônicas tenham que se submeter-se às mesmas normas de ruídos adotadas em alguns aeroportos.
 
Para reduzir os ruídos dos motores das futuras naves SST,os fabricantes estudam o uso de motores de "ciclo variável". A idéia que sustenta estes motores é tratar de combinar as funções de um jato turbo ( que se usa no Concorde e os jatos supersônicos militares ) e um turboreator com ventilador ( que é o motor que se utiliza nas modernas aeronaves e que é mais silenciosa e mais eficiente ). Os motores de ciclo variável funcionariam como um turboreator para terem decolagens e aterissagens mais silenciosas, e logo passaria a função de turbojato para o vôo supersônico sobre o mar. Poderia ser também que esse motor tenha suficiente tração para dispensar o reaquecimento da turbina ( que envolve bombeamento do combustível a um mecanismo de combustão de saída que está na parte traseira do escape do jato para obter mais tração para a decolagem e para a transição do vôo supersônico ). Estes mecanismos de combustão de saída são especialmente barulhentos e consomem muito combustível.
 
Ainda assim, o trabalho mais duro seria fazer com que os motores contaminassem menos. A NASA está iniciando um programa de investigação para tratar de determinar os efeitos das emissões das futuras naves SST. A altura que provavelmente voariam é, jstamente onde está a camada de ozônio ( começa em torno de 53.000 pés ). A NASA está preocupada com que se coloquem nesta parte da estratosfera, mecanismos que emitam contaminantes, particularmante óxidos de nitrogênio (NOx), que poderiam danificar a camada de ozônio. As naves subsônicas também contaminam, porém o fazem a nível da atmosfera no qual os processos químicos são diferentes. Segundo a NASA, os estudos preliminares demonstram que quanto mais alto na atmosfera, maior a liberação de NOx, e conseqüentemente maior a quantidade de ozônio que se destrõe.
 
Para ser economicamente viável, segundo alguns fabricantes , deveria se construir uma frota de aeronaves supersônicas até 1.000 naves SST. Ainda assim, se somente a metade deste número decolasse, o NOx produzido poderia ter um impacto desastroso sobre a estratosfera, segundo os cálculos do Dr Johnston. Por si só, poderiam destruir todo o benefício que se tem obtido tratando de diminuir a liberação dos CFC.
 
Não é surpreendente que algumas das pessoas que querem fabricar um sucessor do Concorde não aceitem com bons olhos os descobrimentos do Dr Johnston. O Dr Johnston admite que é necessário mais investigações e que os modelos atuais da atmosfera não são suficientemente perfeitos para servir de apoio a decisões que envolvem a política do uso das futuras naves SST. O que está claro é que, a diferença no caso do Concorde, os limites de ruído e contaminção das futuras naves SST, têm que concordar internacionalmente, antes que nenhuma saia das planilhas dos computadores. Isto poderia significar que o Concorde seguirá sendo um pássaro raro durante muito tempo.
 
Atividade II
 
Tente formular o mecanismo de reação do óxido nítrico na destruição da
camada de ozônio.

 
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L@PEQ - FEUSP 
Universidade de S. Paulo